terça-feira, 14 de outubro de 2008

De tiempos lejanos a niños actuales

Durma, durma, meu bem, pois não tem nada para se preocupar. Sua mãe está aqui, do seu lado, te cuidando e te protegendo.

Durma, durma meu bem. Se tua mãe faltar, não se esqueça que eu também não estarei do seu lado, pelo qual não precisa se preocupar por ninguém, pois ninguém se preocupará por você. Então, descanse, não acorde à noite, não é necessário.

Mas tenho certeza, pois eu conheço esse mundo, esse mundo real, onde você está deitado agora, e sei que sua mãe não vai lhe faltar. A minha morreu há sete anos...

...há sete anos...

Sete cabeças, sete diabos, sete anjos dos sete infernos; como disse Jesús: setenta vezes sete.

E a certeza me afoga diariamente, como me afogam as divagações mentais: você está só, acompanhado da sua própria solidão, e, claro, do seu alterego. Meu alterego sempre está comigo, sou seu melhor amigo, mas ele é meu pior inimigo.

Durma, durma meu bem, deite-se naquela grama gostosa, pois o leão virá nos comer. Descanse, não acorde à noite, ele não quer você cansado, ele não quer você nervoso, ele te quer, ele te quis, e sempre te quererá.

Sua mãe está aqui, lembre-se disso. Ela já perdeu seu sangue, agora só resta a ela perder a força; mas, enquanto você dormir e não ver a maldade nos rostos dessas pessoas nojentas que caminham nessa rua, ela a terá, e nos protegerá. Ela o prometeu, quando subiu no céu, e me jogou no inferno, ela o prometeu.

Durma, durma meu bem, pois os mortos são outros, não você, você não morrerá, pois você age bem: você dorme, você sonha, você cria, você se ama.

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